segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Pavlova: no compasso da bailarina




Hoje vou contar um pouco sobre uma sobremesa que encanta a todos, tanto por seu sabor leve e delicado, quanto por sua beleza, a Pavlova. O nome é homenagem à bailarina russa Anna Pavlova, famosa por sua excepcional atuação no solo “A morte do Cisne”, interpretado pela primeira vez na história em 1905, ela o interpretou 4000 vezes em sua carreira, o transformando em sua marca registrada. Este solo foi inspirado no poema de mesmo nome de Alfred Tennyson e aborda a luta entre a vida e a morte sob o olhar de um velho cisne, o número transcende o visual e atinge as emoções e a imaginação do espectador ao mostrar os últimos minutos de vida de um cisne através dos leves movimentos de uma bailarina. O número representou uma transição entre o velho e o novo na história do Ballet, inaugurando o “Novo Ballet Russo”, trazendo consigo uma combinação de expressividade e técnica, mostrando que a dança deve atingir a alma de quem a assiste e não somente os olhos. Claro que isso só foi possível graças à graciosidade e delicadeza de Anna Pavlova ao interpretar tão profundamente a morte de um cisne, o fazendo entrar para a história.
Em 1926 Pavlova foi apresentar seu solo na Austrália e Nova Zelândia, e em um dos dois países, não se sabe ao certo, foi criado o doce para homenageá-la. Segundo Winter: 
A sobremesa capta perfeitamente o espírito e a arte de Pavlova. O merengue assemelha-se a um tutu cheio de ondas, e as frutas coloridas e vibrantes lembram o brilho vertiginoso de sua dança. A própria vida do doce parece espelhar a famosa rotina de penas de Pavlova: a beleza desaparece rapidamente depois da criação e, a menos que seja consumida, a fruta e o creme despencam – uma sobremesa que morre, como o cisne. (WINTER, 2013, p.125).
Eu aprendi esta receita com minha querida tia Zezé, cozinheira e confeiteira de mão cheia, uma de minhas fontes de inspiração na vida, sou muito grata por ela me mostrar a graciosidade desta sobremesa. Ela é de tamanha beleza que esconde a facilidade de fazê-la. Vamos à receita:


200 gramas de açúcar refinado 
120 gramas de claras de ovo
1/2 colher de chá de essência de baunilha
1 colher de chá de vinagre branco
1/2 colher de sopa de amido de milho


Primeiro de tudo, pré-aqueça seu forno a 130ºC. Forre uma forma com papel manteiga. Em uma batedeira bata as claras em neve até dobrarem de volume. Adicione, aos poucos, o açúcar. Bata até obter um merengue firme, o ponto perfeito é quando você levanta o batedor e percebe picos duros e brilhantes. Acrescente a baunilha, o vinagre e o amido de milho (peneirado) e bata mais um pouco só para misturar tudo. Sobre o papel manteiga e com a ajuda de uma espátula, abra a massa em um círculo não muito grande (pois ela aumenta um pouco de diâmetro quando assa). Não se preocupe com a perfeição da superfície, sua irregularidade é uma graça a mais (você também pode fazer mini pavlovas que ficam lindas). Asse por uma média de 1 hora e 10 minutos, até que esteja com a superfície dourada. Deixe esfriar dentro do forno. Após esfriar, solte a pavlova do papel manteiga e a coloque em uma travessa para servir, é normal a superfície ficar um pouco rachada. Para finalizar coloque uma camada de chantilly em toda sua superfície e cubra tudo com frutas frescas picadas. Eu gosto de colocar alguma geleia mais ácida por cima das frutas, como minha receita de geleia de ameixa com limão, que em outro post conto pra vocês. 
Ao cortar a sobremesa você perceberá um interior macio e suave, quase como um marshmallow, contrastando com a superfície crocante como a de um suspiro. É importante colocar o chantilly e as frutas na hora de servir, pois se ficar muito tempo parada com a cobertura ela desmonta e morre, como o cisne. Quando receber um convite para algum evento e tiver que levar um prato, escolha a pavlova, ela com certeza arrancará elogios de todos e será o centro das atenções, assim como Anna Pavlova, a bailarina. 

Até a próxima!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

A versatilidade das tortillas mexicanas

Olá gente, hoje vou passar pra vocês uma das minhas receitas favoritas, tortillas mexicanas. Eu amo tortillas, sua versatilidade me encanta. Ano passado eu morei cinco meses em Buenos Aires para fazer meu curso de cozinha, e tive o privilégio de compartilhar minha casa com um queridíssimo amigo mexicano, Raúl Moreno. Com ele aprendi muitos hábitos da culinária mexicana, alguns ele me ensinou, outros eu aprendi observando. Em seu cardápio havia muitas frutas, chocolate e claro, muuuuuuuuita pimenta! O chocolate é usado na culinária mexicana em preparações salgadas, o que me deixou bastante curiosa, mas fica uma delícia! Já a pimenta está em todos os lugares, uma vez eu o vi comendo uma pera com uma generosa porção de chilli por cima, ele me ofereceu para que eu experimentasse a (em meu conceito) exótica combinação, e não é que fica bom?!
Algumas vezes preparamos tortillas em casa, e ele nos foi contando alguns fatos sobre a massinha que eu até então desconhecia. No México as tortillas são feitas de milho – o que não é mistério para ninguém –, mas o grão neste país é encontrado em diversas cores além do amarelo, como o azul, roxo, vermelho, por isso as massinhas também apresentam uma vasta variação de cores, dependendo da cor da farinha de milho das quais são feitas. Os recheios são dos mais variados, mas este amigo nos apresentou um ingrediente que combina perfeitamente e traz uma maciez excepcional ao recheio, são os frijoles ou porotos, que, para nós brasileiros é o nosso tão amado feijão. Sim senhoras e senhores, feijão! Vocês não podem viver mais nem um dia sem experimentar esta combinação que vai, com toda certeza, conquistar o paladar de cada um.
Eu já coloquei meu feijão para cozinhar, pois hoje é dia de tortilla aqui em casa, enquanto ele cozinha eu vou passar para vocês a receita da massa da tortilla mexicana:

3 xícaras de farinha de trigo 
1 colher de chá de sal
1 colher de chá de fermento químico
1/3 de xícara de margarina
1 xícara de água morna

Em um recipiente juntar a água morna com a margarina. Em outro recipiente misturar a farinha com o sal e o fermento. Aos poucos, integrar os líquidos (água e margarina) aos sólidos (farinha, sal e fermento), sovar até ficar uma massa homogênea. Deixe a massa repousar em um recipiente tampado com um pano limpo e úmido por meia hora. Após o tempo de repouso, separe bolinhas de massa do tamanho que ocupem uma palma de mão. Abra as bolinhas com a ajuda de um rolo, sempre polvilhando farinha na bancada e na superfície da massa para que não grude. Abra até conseguir uma espessura bem fina, a mais fina possível, e tente preservar o formato circular. Após aberta a massa leve-a a uma frigideira antiaderente já quente, quando estufar vire-a e deixe dourar o outro lado. Faça isso com todas elas.

Agora algumas dicas importantes:
  • É legal abrir a massa e já leva-la para a frigideira, pois se deixa-la aberta na bancada por muito tempo a fará reduzir de tamanho, já que é uma massa bastante elástica.
  • Quando ela começar a estufar na frigideira não fure nem aperte a massa, pois quando você a vira para dourar o outro lado ela já faz esse papel, apertá-la demais pode deixa-la um pouco dura.
  • Enquanto estiver cozinhando as tortillas é importante reserva-las em um recipiente tampado até que termine de fazer todas elas, isso faz com que a massa mantenha a sua umidade e esteja macia para a hora de servir.
  •  Você conhece os nachos? Nada mais são do que tortillas picadas e fritas em óleo. Se sobrar aquelas tortillas que você não quer mais, ou se elas estiverem duras no dia seguinte, experimente fritá-las. Os nachos ficam uma delícia acompanhados de guacamole ou algum molho picante.


Recheie a tortilla com o que for de seu gosto, se for usar feijão, este deve estar cozido e já temperado, o feijão branco também cai muito bem. Outro recheio tradicional que fica fantástico é o creme de abacate conhecido como guacamole, mas essa receita eu deixo para outro dia.
Espero que gostem e saboreiem essa iguaria mexicana. Agora vou preparar minhas tortillas, pois meu feijão já está no ponto.
Até a próxima.